sexta-feira

Pêssegueiro

Ô moça, porque queres que eu explique o que eu despejo todo dia em ti. Te colocarei dentro do aquário com o tempo nublado, mas como eu faria isso se é só tu quem nubla por estes lados? Me perguntas como se não soubesse as respostas com o ar de quem quer ouvir o óbvio sair da boca que mais enxuga as palavras. Se queres cortar lhe dou minhas veias, se queres companhia lhe dou meu tempo e ombro, se queres abraços eu quero também, se queres minha voz eu quero a tua, como têm precisado gritar lhe dou meus ouvidos. Mas o mordomo gosta de elogios, tenho feito teu café doce demais pra quem tem amargado com meu gosto. Posso te afogar (nos meus pesadelos) ou te ver andar sobre os laços e fitas (o que eu quero). E eu d'outro lado afogado. Não quero que o tempo abra, guriazinha. Não quero que a cidade pegue fogo nem inunde. Quero colher os pêssegos e enfeitar tua janela. Mas não posso por tu estar resolvida demais. Perco a árvore, os pêssegos e a moça bonita;

terça-feira

Alucinação

Se faz sol ou frio. Prefiro que chova até inundar.
Primeira vez que sinto o vento e teu gosto. Não me canso.
Quanto vento e vontade, quanto sonho e relidade.
Se tento dormir lembro dos teus olhos que nublam meus dias.
Depois se acordo te vejo nas 4 paredes ou 8 ou 16.
Me deparo com os móveis. Sem contar quem esteve ontem a noite aqui.
Perdi as contas desde quando me lembro. Desde quando tento (não tento) esquecer;
Escrevo cartas que nunca vou mandar. Nenhuma (todas) pra você.
Tu sempre soube (eu não sabia) toda frase acaba num riso de auto-ironia.
Se eu pudesse caminhar como queria, te levaria. Mas aqui chove até inundar.
Te inundaria de mim, mas me canso de sonhar onde inunda antes mesmo de chover.
Tento fugir sem conseguir escapar do dia nublado do teu olhar;
Colheria todos os pêssegos e te daria no jantar; Me esbaldo em sonhar (contigo).
Eu inventei (quase) tudo que sou só pra chamar tua atenção.
Egoísmo sincero, sinceridade egoísta; Me definiria com teu nome.
Mas é egoísmo querer que teus olhos mudem de cor, agora.
Agora, não mais.

H

Sozinha não quer mais se sentir.
Mas se está acomodada é por que queres ficar;
Vai chover,vai secar,serão águas passadas;
Diga adeus.Diga adeus ou não diga nada.
Mas eu trato como se fosse um conta-gotas;
Só não diga que quer me ajudar a contar.
Saberei pouco da vida que tu leva;
Esquecerei do teu olho e olhar.
Humano de menos me fizeres ser;
Humano de menos serei agora.


Outro dia te conto.
Como Humano de mais te faço amar.

domingo

Amargando;

Doce.Mas não tanto pois sou complexado;Um já basta para me enjoar me fazer satisfeito. O único doce que não canso de provar é o doce do teu sorriso,doce dos teus olhos.O doce de você.

?

Agora entre as duas esquinas vejo que te assustei;
Doce amargo.Sem teu gosto me sinto vazio.Com ele me acomodo.
Deveria deixar de usar a mesma máscara,eu e você;
Ainda causa riso e desgosto e o caminho é infinito.
Entre desculpas e verdades eu confundo e me confundo;
Talvez demore pro gelo derreter.Assim como demorou pro calor voltar.
Mas o campo não é teu,não é meu,não pertence a eles;
Não tem preço nenhum.A parcela de culpa se divide entre os dedos.
São invenções da minha cabeça pro meu coração;
Não caberia desculpas junto do pecado no mesmo copo.
E meu coração trata de mentir pro meu corpo;
Que juntos me fazem mentir pra todos ao meu redor.
Mas o que resta de verdade aponta pra ti;
Confuso deixo de estar ao teu lado.

quarta-feira

Atrasado

Não lembro dos devaneios daquela época e trato como se já estivesse passado tempo suficiente pra terminar a colheita,pôr na mesa de jantar e te chamar porque passou do da hora (1/2 hora ou 3000 horas) de devorar (nossos corações).O que tu me diria agora se eu te desse;a corda;a faca;o queijo;meu coração? O vento sopra e muda teus cabelos de lugar (muda pro meu ombro) sopra teu nome no meu ouvido (teu nome no meu caderno) sopra pela janela e me envolve no frio querendo me avisar de que falta alguma coisa; não casacos muito menos as velhas camisetas e o jeans rasgado,nem mais café.. Falta tu.Tuas mãos e teus olhos,teu corpo e tua mente. Mas só fica abstrato e eu disfarço no olhar,em breve jogo a culpa na janela aberta e não no teu retrato que me faz sentir falta de pisar em algum lugar. Se eu tivesse gosto amargo eu entraria na tua mente. Mas e se eu não ter certeza; "não posso me iludir/não quero errar/não posso voltar" eu estaria como estou agora. Não fui eu não foi você nem foi meu coração que parou de bater. Ecoou o que o tempo não soube calar,a liberdade que se revela aliada ao que faz dançar. Ecoou teu nome e tua imagem ultrapassando o que tampava meus ouvidos. Ecoou porque era hora de ecoar.