terça-feira

Minha (não) despedida.

Tou na mesma escada, sabe? Tu sabe, e agora parece que ela ta maior, que tem mais degraus, porque quando nós passeávamos por ela parecia tão pouco os movimentos feitos para subir. Talvez os beijos abraços e risos ocupassem o espaço que me tirava a atenção da subida. E hoje eu queria te dizer que ainda tento evitar esses caminhos e esses lugares que eu costumava passar aos beijos e risos contigo. Mas só eles matam a saudade que eu sinto.

Me conforta pensar que tu também sente isso mesmo que em dias pareça que sou só eu quem sofro um pouco mais, que só pra mim existam esses lugares e essas lembranças. Mas teus pés sabem caminhar melhor sem os meus pra guiar o nosso rumo sem lugar onde chegar. Ouvindo as coisas que trocávamos durante o dia, dividindo as dúvidas e as quase certezas. Eram só essas conversas que eu gostava de ter.

Se eu levasse isso a fundo não poderia entrar nem na minha casa, na verdade eu já quase não consigo. Nem olhar no espelho, nem sentar na cadeira e olhar pra cama. Sentar aqui e ouvir músicas levantar e ir tomar água, talvez o banheiro seja o lugar que me traga mais paz, mais precisamente quando tomo banho e eu esqueço de tudo ou lembro de tudo e resolvo comigo mesmo -eu no meu forte- se quero gritar eu grito, se quero chorar eu choro, sou e faço tudo ter dado certo. Nem que seja só por um banho, mesmo que seja impossível.

Mas agora eu vou pro lugar que mais me lembra de ti e o engraçado é que nunca fomos nele, em qualquer poltrona de ônibus, indo pra bem longe. Eu, sem você, e a gente tão perto. E se eu sofro mais agora tudo bem. Se eu não durmo olhando a paisagem mudar me deixando mais longe de onde eu (não) quero esquecer, tudo bem. Mas não me de oi sem dizer meu amor, porque só de ouvir teu nome eu sinto vontade de entrar na casa que eu vou abandonar pra tentar (não) te esquecer sabendo que eu só vou lembrar. Então imagine se eu sentisse teu cheiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário